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sexta-feira, 29 de maio de 2015

A floresta atrás do lago

Era exatamente 00:16, quando faltou luz, e ficou muito frio na sua casa. Mesmo você todo coberto, ainda sentia um frio tão grande, que seus ossos começaram a doer e seu sangue congelar.
Enquanto isso, um de seus vizinhos começa a gritar desesperado por causa da filha que tinha acabado de se matar depois de ter visto o fantasma da irmã mais nova que morreu num acidente de carro.
Você começa a escutar sussurros cada vez mais perturbadores e macabros. Tão macabros que você só pensa em se matar.
Depois disso, a janela do seu quarto abre sozinha, ficando mais frio do que já estava. Você tenta fechar, mas é derrubado e jogado na porta do seu quarto, onde uma criança começa a cantar canções de ninar num tom que só de escutar, seus ouvidos sangram. Criando assim, um mar de sangue pela casa.
Quando ela para de cantar, você vai até a cozinha, tenta beber água, mas acaba se afogando quando a criança aparece atrás de você, agora muito mais assustadora, cantando com os olhos sangrando, mais uma canção de ninar.
Quando ela termina, você cai no chão, mas não na sua casa, e sim numa floresta, onde está toda sua família e os seus amigos pendurados em árvores podres, quase caindo. Eles estavam cantando: "Quando tudo isso acabar, nós iremos nos vingar. De tudo e de todos, que nos fizeram de tolos. Somente uma chance você terá, ou por aqui ficará, até o mundo acabar".
Logo depois eles pulam das árvores e te esquartejam. No dia seguinte você será encontrado no meio da floresta atrás do lago.

quinta-feira, 28 de maio de 2015

O músico

Esta noite eu estou consciente do passo que tenho de dar. Durante toda a minha adolescência até o presente momento;  trabalhei exaustivamente para desenvolver um suposto potencial, que não se confirmou: é fato - sou um artista medíocre. Na pré e pós-adolescência muita gente quer ser um grande músico - poucos trabalham buscando aperfeiçoar-se. 
 Foi o que fiz.
 Minha busca me levou a um dos mais talentosos e bem sucedidos mestres do blues  do meu país. Num de nossos diálogos ele me olhou zombeteiramente:
 - Você faria qualquer coisa para ser um músico de sucesso?  
 Respondi que sim. 
 João Nettar caminhou então até sua escrivaninha e rabiscou um endereço num papel.
 Em dois meses consegui levantar a quantia necessária para viajar até Clarcksdale, Mississipi. Escolhi uma noite em que a lua alta lançava sombras sobre as árvores da encruzilhada. Faltavam quinze minutos para a meia noite, quando cheguei no local.  
 Quando os ponteiros se uniram, uma limusine escura parou diante de mim e um desceu um distinto ancião. Parecia um executivo de multinacional; rico, sem dúvida.
 Olhou-me com interesse e comentou:
 - Ah! O garoto do blues...
 A maldade contida naquele olhar provocou um arrepio que percorreu a nuca até os dedos dos pés.
 - Do que você precisa, garoto do blues?
 - Que..que a minha música faça sucesso, senhor.
 - Ótimo, ótimo.. Sabe o preço a pagar?
 Balancei a cabeça afirmativamente.
 Tomou rapidamente minha mão e fez um corte profundo na palma. A seguir me passou uma pena.
 - Molhe.
 Passei a pena na palma da mão e assinei o contrato que me passava.
 Quando voltei para casa, meus pais estavam eufóricos. Um pessoal de uma gravadora havia me ligado. 
   
Enviado por: Magno Domino Machevo

segunda-feira, 25 de maio de 2015

A rua vermelha

Estava quase amanhecendo, quando tudo começou. Crianças eram arrancadas dos seus pais, chorando e gritando cada vez mais alto, pedindo por uma ajuda que não viria, felicidade alí não se via.
Chegaram os caminhões e levaram todos à morte, cada um por sua sorte.
Alguns escapavam mas eram mortos do mesmo jeito, com um simples tiro no peito.
No meio da rua deitaram, e por alí ficaram. Foram todos mortos sem nenhuma razão, como uma punição. Talvez por serem fracos demais pra reagir, ou talvez por tentarem fugir.
De vermelho a rua foi pintada, com o sangue das crianças que um dia  foram amadas. Mas que agora podem descansar, sem as guerras precisar lutar.

segunda-feira, 11 de maio de 2015

Amor de mãe

Começa a chover e alguém bate na porta de Bruna. 
Era uma menina de 12 anos que parecia ser a filha dela, Aleksia.
Nessa hora, ela chora deitada no chão, lembrando que a filha morreu afogada a alguns meses, quando eles estavam num lago perto da cidade.
"Olá Mamãe, eu sei que não tive tempo de me despedir de você, mas agora que estou aqui, posso encontrar finalmente a minha paz. Adeus, te amo Mamãe."
Quando ela terminou de falar, Bruna dirigiu até o cemitério onde Aleksia estava enterrada, exumou o corpo, e levou pra casa dela, onde está até hoje.
Os vizinhos chamaram a polícia por causa do cheiro de morte que se espalhava cada vez mais pela casa.
Bruna foi encontrada morta no quarto, abraçada com a filha. A causa da morte continua desconhecida.

sexta-feira, 8 de maio de 2015

A biblioteca

Henrique estava andando pela cidade, quando começou a chover e ele instintivamente entrou numa biblioteca pra não se molhar.
Olhando algumas fileiras de livros, Henrique vê um grupo de crianças correndo. Até que uma delas começa a cantar enquanto arranca os cabelos, chorando lágrimas de sangue. As outras lambem o sangue que cai no chão enquanto olham fixamente pro Henrique.
Quando ele tenta ir embora, é puxado e arrastado até uma sala, onde foi torturado quase até a morte pelas crianças, apenas por diversão.
Quando terminaram, Henrique vomitou tudo que ele tinha comido no dia, com isso alimentou as crianças que se matavam pra conseguir lamber o vômito no chão podre daquele lugar.
Alguns dias se passaram, e Henrique estava faminto. Matou o mais gordo das crianças pra fazer churrasco. Bebeu o sangue como se fosse água.
As outras crianças comeram quase tudo.
Ele consegue sair de lá. Mas quando sai, o mundo está completamente diferente do que ele pensou que estava.
Era literalmente o inferno. Mas não como os cristãos dizem, era um inferno diferente.
Nas ruas só se via morte. O único cheiro era de sangue podre por todos os lados.
Pessoas chorando e pedindo ajuda, gritando por socorro.
Era uma epidemia de caos e desordem naquela cidade.

Henrique decidiu voltar pra biblioteca. Lá dentro começou a chorar, tentando entender o que estava acontecendo.
Ele chamou as crianças, matou cada uma delas, e as enterrou lá mesmo.
Foi embora, pegou o carro e dirigiu quase a noite inteira, até que a gasolina acaba, e ele volta pra cidade a pé. Totalmente cansado, desaba no meio da estrada. Quando acorda, está cheio de sangue. Ele tenta voltar pra estrada, mas a fome e o frio não deixam.
As crianças aparecem e matam ele, levando o corpo esquartejado pra biblioteca, onde está até hoje.