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quinta-feira, 28 de maio de 2015

O músico

Esta noite eu estou consciente do passo que tenho de dar. Durante toda a minha adolescência até o presente momento;  trabalhei exaustivamente para desenvolver um suposto potencial, que não se confirmou: é fato - sou um artista medíocre. Na pré e pós-adolescência muita gente quer ser um grande músico - poucos trabalham buscando aperfeiçoar-se. 
 Foi o que fiz.
 Minha busca me levou a um dos mais talentosos e bem sucedidos mestres do blues  do meu país. Num de nossos diálogos ele me olhou zombeteiramente:
 - Você faria qualquer coisa para ser um músico de sucesso?  
 Respondi que sim. 
 João Nettar caminhou então até sua escrivaninha e rabiscou um endereço num papel.
 Em dois meses consegui levantar a quantia necessária para viajar até Clarcksdale, Mississipi. Escolhi uma noite em que a lua alta lançava sombras sobre as árvores da encruzilhada. Faltavam quinze minutos para a meia noite, quando cheguei no local.  
 Quando os ponteiros se uniram, uma limusine escura parou diante de mim e um desceu um distinto ancião. Parecia um executivo de multinacional; rico, sem dúvida.
 Olhou-me com interesse e comentou:
 - Ah! O garoto do blues...
 A maldade contida naquele olhar provocou um arrepio que percorreu a nuca até os dedos dos pés.
 - Do que você precisa, garoto do blues?
 - Que..que a minha música faça sucesso, senhor.
 - Ótimo, ótimo.. Sabe o preço a pagar?
 Balancei a cabeça afirmativamente.
 Tomou rapidamente minha mão e fez um corte profundo na palma. A seguir me passou uma pena.
 - Molhe.
 Passei a pena na palma da mão e assinei o contrato que me passava.
 Quando voltei para casa, meus pais estavam eufóricos. Um pessoal de uma gravadora havia me ligado. 
   
Enviado por: Magno Domino Machevo

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