M.L
Nem todos os palhaços são felizes
Elas moravam juntas, duas irmãs e uma delas possuía uma filha, pequena, não devia ter mais que dois meses de vida. Dividiam um apartamento em uma cidade grande, e estavam bem, até certos eventos estranhos começarem a acontecer.
A menina mudava de posição no berço, durante toda a noite enquanto sua mãe dormia, estava em um lado, logo depois em outro, e parecia fazer isso porque se mexia demais dormindo, ou pelo menos foi assim que pensou sua mãe, que decidiu ignorar o fato de que a bebê recém nascida durante a noite estava em lados opostos do berço.
Eventos estranhos passaram a acontecer na casa, portas que fechavam sozinhas, armários que se abriam sozinhos, luzes que se acendiam e se apagavam sem estarem com nenhum problema, fora de casa, pessoas da vizinhança e do bairro morriam de maneira trágica, e isso parecia acontecer sempre que a menina era encontrada deitada de maneira diferente da posição inicial colocada por sua mãe, que estava ficando assustada.
A gota d’água, foi quando durante a noite, a mãe acordou, e do seu lado na cama, estava sua filha, dormindo, como se colocada cuidadosamente ali. O medo fez com que as irmãs mudassem de casa, uma vez, duas vezes, três vezes, nada mudava, era sempre a mesma história, durante a noite a neném estava em diversos locais diferentes da residência. Cama da mãe, cama da tia, sofá, banheiro...
A quarta casa, as irmãs decidiram que seria afastada da cidade grande, iriam para um condomínio distante, na estrada, de poucas casas e poucas famílias. A casa que haviam escolhido era longe das outras, ficava de frente para uma enorme campina, o céu era enorme acima delas, o som dos pássaros, de um pequeno riacho ao norte do lugar, era a paz instaurada ao redor da casa que possuía toda a parede da sala em vidro. O que a tornava mais próxima da natureza a sua frente.
A bebê já tinha quase um ano de idade, e por um breve tempo naquela casa, as coisas tinham melhorado, a menina passava a noite em seu berço, acordava na mesma posição que sua mãe colocara e não em outros cômodos, assim foi por um bom tempo.
Estava na cozinha, em uma bela noite de lua cheia, a mãe fazia o jantar enquanto a filha estava na cadeirinha de bebê, mordiscando alguns biscoitos, a irmã da mulher tinha ido fazer as compras na cidade mais próxima, não deveria demorar. As coisas iam bem, até que a menina começa a chorar, a gritar, a apontar para a sala, para a parede de vidro que ia de uma ponta a outra do cômodo.
A mãe assustada pega a criança e vai até a sala, olha para o vidro, e lá estavam.
Eram muitos deles, mais de trinta, trabalhadores, entre bailarinas, adestradores, mágicos, assistentes, palhaços... Pessoas que só se viam em um circo. Estavam em pé um ao lado do outro, uma expressão séria nos rostos com maquiagens borradas, olhavam fixo para os olhos da mãe e da menina que ainda gritava. Não passaram muitos segundos ali, ainda em fila seguiam em direção a porta da sala, um por um. E devagar, iam se aproximando, antes de entrar, olhavam para a mãe e filha em choque, em seguida passavam pela porta, e então desapareciam. Um por um.
Foi então que eu acordei.
Enviado por Maria Luiza
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